Sete livros interessantes que li entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024, ou seja, exatamente no período que vai do dia em que eu soube que tinha dois tumores de próstata e a recuperação da prostatectomia (cirurgia de remoção total da próstata – no meu caso).
DUAS REPORTAGENS
1. “Estranhos a nós mesmos” (Rachel Aviv): reportagem competente sobre a dificuldade de diagnosticar doenças mentais e sobre o fato de que estamos cada vez mais viciados em medicamentos psicoativos vendidos em farmácias, como antidepressivos, ansiolíticos e soníferos em geral.
2. “Na fissura” (Johann Hari): assisti ao filme “EUA contra Billie Holiday”, baseado neste livro. Pesquisa sólida e narração justa para demonstrar por A+B que o foco no combate ao usuário só serve para encher os cofres de mafiosos, traficantes e políticos corruptos.
DOIS ROMANCES
3. “O deus das avencas” (Daniel Galera): esse jovem autor brasileiro me chamou a atenção 15 anos atrás. Este seu novo livro é composto por três novelas que se interligam. A segunda e a terceira não são nada realistas. Projetam um futuro próximo alla “Black Mirror” (série de tv). Ótimas narrativas. Ousadia de Galera em se colocar à prova ao lidar com um tema tão difícil: o mundo pós-combustíveis fósseis.
4. “Normal People” (Sally Rooney): vi a ótima série homônima, sucesso do canal Rai Movie aqui na Itália. Daí fique curioso para entender como a autora irlandesa construiu a história de dois jovens com dificuldades de comunicação, feitos um para o outro e que sempre estiveram juntos sem nunca realmente estarem. Sally Rooney é uma promessa literária.
DUAS MEMÓRIAS
5. “L’età grande” (Gabriella Caramore): tendo câncer de próstata (já removido), investi em ensaios lúcidos sobre o envelhecer. Essa autora italiana é romancista e tem 78 anos (20 mais do que eu neste 2024). Envelhecer, para ela, é algo bem interessante, ao contrário do que pensa a média mediana dos mortais.
6. “Diários” (Franz Kafka, editora Todavia): Kafka é um estrondo de lucidez no silêncio da noite. Uma coisa é ler as narrativas dele, que, obviamente, espelham quem ele foi. Mas os diários são ele sendo ele mesmo: um sujeito irrepetível. E com questionamentos sobre os rumos da humanidade válidos até hoje. Incrível.
UM ENSAIO
7. “La Restanza” (Vito Teti): eu sempre quis ser um imigrante, um estrangeiro, um deslocado/descolado. Este livro (um ensaio filosófico) me atraiu por abordar exatamente o oposto: permanecer. Sim, ficar também pode ser ótima opção, e não devemos ser judicativos em relação a isso.
OUTRA DICA
Aproveito para te recomendar também o meu novo livro: “Repensando Atitudes”, coletânea de artigos que publiquei aqui no site, lembrando que saúde mental é importante em qualquer fase da vida de qualquer pessoa, seja onde for. “Repensando Atitudes: Saúde Mental e Maturidade” (2023, 387 pags.) – e-book ou impresso.
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